Mais de R$ 2,8 milhões sem justificativa adequada colocam a campanha de Abilio Brunini sob intenso escrutínio da Justiça Eleitoral. O prefeito eleito de Cuiabá enfrenta, agora, o desafio de reverter a reprovação de suas contas e devolver o montante ao Tesouro Nacional, conforme determinação do juiz Alex Nunes de Figueiredo, da 55ª Zona Eleitoral de Mato Grosso. Produções de vídeos e serviços de comunicação realizados pela empresa T2 Comunicação, contratada por R$ 2,1 milhões, foram alvo central da decisão publicada na última quinta-feira (12). As notas fiscais apresentadas descrevem genericamente os serviços, sem especificar custos individuais com fotógrafos, assessores ou produtos entregues. Trechos da sentença indicam que despesas ocorreram em paralelo a contratos semelhantes, configurando possível duplicidade nos gastos.
Outro ponto crítico são os repasses irregulares a partidos coligados, como o Democracia Cristã (DC) e o Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), que receberam R$ 158.144,87. Segundo a Justiça Eleitoral, tais valores foram empregados em publicidade casada, o que viola as normas do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). “Verbas de fundo público devem beneficiar apenas a sigla ou candidato coligado, não terceiros”, ressaltou o magistrado.
A decisão, embasada na resolução nº 23.607/2019 do Tribunal Superior Eleitoral, aponta que a campanha de Brunini infringiu os princípios de transparência e legalidade. As justificativas apresentadas pela defesa foram consideradas insuficientes para sanar as irregularidades. O Tribunal Eleitoral e o Ministério Público Eleitoral também se manifestaram pela rejeição das contas.
Diante desse cenário, Brunini tem cinco dias para ressarcir os valores aos cofres públicos. Caso contrário, o novo prefeito pode enfrentar complicações que comprometam seu mandato. Sua equipe jurídica já anunciou que recorrerá, argumentando que os serviços contratados foram devidamente prestados e que os valores estão dentro dos padrões de mercado. O prefeito eleito, porém, já demonstrou preocupação com a possibilidade de não reverter a decisão. Ele mencionou que, nesse caso, pretende mobilizar aliados e lançar uma campanha de vaquinha online para arrecadar os recursos necessários. A ideia busca engajar apoiadores na solução do impasse, enquanto a defesa trabalha para apresentar novos argumentos nos tribunais.